Projeto leva educação ambiental a pessoas com deficiência e idosos, com experiências sensoriais que unem inclusão e saneamento
Cegos, surdos, pessoas com deficiência intelectual: quase 400 pessoas já foram impactadas pelo Gota de Inclusão
Um projeto chamado “Gota de Inclusão - ouvir, ver e sentir o meio ambiente” tem ganhado destaque no Paraná. A iniciativa leva inclusão e conhecimento sobre educação ambiental para pessoas com deficiência e idosos, reconhecendo as barreiras existentes de comunicação, mobilidade e acesso enfrentadas por esses públicos.
O Gota de Inclusão é realizado desde 2024 pelo setor de Educação Ambiental do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) de Ibiporã, cidade localizada ao lado de Londrina. Até o momento, 377 pessoas foram impactadas pelo projeto. Em sua última ação, em setembro deste ano, o mundo do saneamento foi apresentado aos cegos e pessoas com baixa visão do APADEVI/CADEVI (Associação Pais Amigos dos Deficientes Visuais).
Durante a visita, os participantes passaram por experiências sensoriais por meio de mapas de alto relevo e estruturas táteis elaboradas especialmente para dar apoio na explicação de como funciona o serviço de saneamento na cidade, incluindo o tratamento de água, coleta e tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos. Segundo a servidora Élida Mara de Paula, que está há 9 anos no SAMAE e guia as visitas inclusivas, os materiais foram criados especialmente para a iniciativa.
Segundo a servidora Élida Mara de Paula, que atua há nove anos no SAMAE e conduz as visitas inclusivas, todos os materiais utilizados foram desenvolvidos especialmente para o projeto. As ações foram estruturadas a partir da escuta junto aos usuários. No caso das atividades com o CADEVI e a APADEVI, a produção dos mapas e do cronograma de visitas foi realizada pela equipe de Educação Ambiental do SAMAE, com orientação e correção do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual de Londrina (CAP).
A servidora explica que o projeto tem garantido acesso equitativo à informação sobre o saneamento e os serviços prestados pelo Samae, fortalecendo a autonomia e a participação de públicos historicamente invisibilizados. “Inspira-me ver que a inclusão, quando vivida na prática, transforma vidas e amplia a humanidade de toda a comunidade.” — destacou a pós-graduada em Libras.
As ações são pensadas de acordo com o público-alvo. Para idosos, são elaboradas atividades voltadas à memória, com resgate de fotos e lembranças relacionadas ao tema. Para pessoas com surdez é feita a apresentação da estrutura organizacional e técnica, incluindo o corpo administrativo, com acompanhamento de intérprete em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
Neste ano, a equipe do projeto visitou a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Ibiporã, onde o trabalho foi direcionado à pessoas com deficiência intelectual. Aliando sensibilidade e uma metodologia baseada na repetição de informações, foi possível garantir uma melhor compreensão e fixação do conteúdo. Os alunos tiveram a oportunidade de entrar no ônibus interativo da autarquia, onde encontraram uma maquete de 9 metros mostrando todo o caminho percorrido pelo lixo (resíduos sólidos) na cidade.